A situação da Educação, Ciência e Tecnologia no país é das mais complicadas. Com o corte na verba para Educação em 2015 e as denúncias que não param de aparecer na Petrobras, que era uma das maiores fontes de recursos do país para pesquisa em diversas áreas, a pesquisa científica no Brasil está praticamente parada. Não há verba para os pesquisadores participarem de eventos científicos, financiarem suas pesquisas, ou até mesmo garantir o funcionamento básico de muitos programas de pós-graduação no país. Além disso, é esperado para 2016 um corte de recursos para Educação ainda maior (cerca de 10 bilhões de reais). O que fazer nesse cenário de total desânimo? Alguns pesquisadores têm usado a criatividade e apelado para o chamado crowdfunding, ou seja, financiamento coletivo, que nada mais é do que pedir doações via internet para angariar recursos e permitir o funcionamento dos seus laboratórios.

O financiamento coletivo surgiu no fim da década de 90 e ganhou força com a popularização da Internet, que permitiu que o público e empresas tivessem acesso à informação e facilidade de pagamento online. Em geral, artistas e empresas recorrem ao financiamento coletivo para conseguir lançar seus produtos. No mundo, cerca de 16 bilhões de dólares foram arrecadados em 2014 pelo financiamento coletivo e estima-se que em 2015 o valor arrecadado chegue a 30 bilhões de dólares.

Recentemente, no Brasil, a pesquisadora neurocientista da UFRJ, Suzana Herculano-Houzel, lançou no site kickante.com.br uma campanha para arrecadar R$ 100.000,00 para manter a pesquisa do seu laboratório. Entre as recompensas, o doador pode ganhar desde uma imagem digital para foto de capa do facebook escrito “Eu contribui para a neurociência brasileira”, por R$ 20,00, até uma reunião exclusiva com a neurocientista por R$ 5.000,00. Até o momento em que escrevemos este post, a pesquisadora já havia arrecadado R$ 95.231,00.

Essa não é a primeira vez que um pesquisador brasileiro apela para o crowdfunding e o mais interessante é que eles têm conseguido os recursos para manter suas pesquisas, o que mostra que o brasileiro entende a importância da pesquisa nacional e quer contribuir para o desenvolvimento científico do país.

A ideia de financiamento coletivo para pesquisa é interessante. Como o governo não repassa os valores pagos pela população na forma de impostos para Educação, então o jeito é pedir para as pessoas pagarem de novo para terem o serviço. Isso não é novidade para nenhum brasileiro, afinal pagamos plano de saúde, colégio particular, seguro de carro, condomínio com segurança particular e outros serviços que deveriam ser garantidos com o pagamento dos nossos impostos. Pelo jeito, começaremos a pagar também para que a pesquisa científica no Brasil possa continuar, permitindo assim o avanço tecnológico e o desenvolvimento do país. Pelo menos assim temos certeza que o dinheiro será bem usado e aplicado naquilo pelo qual se contribuiu.